Especial Brazil (2): Carlos Henrique Iotti, el maestro

(Por Samuel Casal) Carlos Henrique Iotti, ou simplesmente Iotti, foi o primeiro desenhista profissional que eu conheci. Eu tinha 16 anos e fui fazer um teste no jornal onde ele trabalhava. Sem eu ter a mínima idéia de qual seria a função de um ilustrador, ele me disse para voltar no dia seguinte para começar como aprendiz. Para minha surpresa, ele não foi, e nem nos dias seguintes! Passei a semana sozinho na editoria de artes, recebendo os pedidos da redação e tentando não ter um ataque de nervos enquanto meus primeiros e tortos desenhos eram publicados. Assim começou nossa amizade...É com esse senso de humor (às vezes negro), total autonomia e traço de pena rápido, que vejo Iotti cruzar o tempo com maestria, sem medo de riscar e arriscar. Trabalhamos vários anos juntos e cheguei a imitá-lo a ponto de desenhar coisas por ele, mas mesmo assim ele sempre fez questão de me apresentar ao novo, diferente e alternativo no campo das artes gráficas.
Vendo Iotti trabalhar com seu traço limpo e preciso, aprendi que muitas vezes menos é mais, e que uma mensagem forte às vezes pode ser passada de forma sutil e vice-versa. Depois que sai do jornal, perdemos o contato diário, e quando me mudei para Florianópolis, ficou mais raro ainda, mas não demorou para o desenho de Iotti cruzar as fronteiras e estar novamente presente no meu dia-a-dia. Iotti trabalha para vários jornais do Sul do Brasil, inclusive no que sou Editor de Arte, e publica regularmente belos álbuns com tiras diárias de seu personagem mais famoso, Radicci, um típico descendente de imigrantes italianos, de modos nem sempre muito educados, mas que cativa a todos onde passa e que eu já vi sair do papel, ir para o rádio, televisão e palcos de teatro. Esse é meu amigo Iotti, que apesar de distante, não passa um dia, que eu não fico sabendo notícias dele, seja por alguém comentando mais uma charge genial nos corredores da redação, seja por mais uma de suas tiras que me divirtem e me recordam deste personagem que já foi meu professor.

Samuel Casal es director de Arte del Diario Catarinense, de Florianópolis. También es ilustrador editorial.