Caído, sozinho, pequeno, distante, triste
(Por Fabio Marra) Olimpíadas por aqui ainda tem um gosto que não sabemos muito bem como digerir. Nada se compara ao período de Copa do Mundo, quando as fábricas param, as escolas fecham e o ar não se mexe para unidos assistirmos as partidas. As Olimpíadas estão literalmente mais distantes. Desta vez ainda mais distantes, do outro lado do planeta, pelas madrugadas.
De qualquer forma perder não é propriamente um sentimento que agrada. Ainda mais perder para a Argentina, por mais distante que aconteça...
Dessa vez o tempo jogou a favor da redação, bem diferente da seleção brasileira de futebol, que jogou verdadeirmente contra e perdeu para os rivais por 3 a 0.
Hard news com oito horas para produção é privilégio de poucas edições.
O fatídico jogo que tirou o Brasil da disputa inédita pelo ouro olímpico terminou pouco antes do meio dia, no horário brasileiro, e então vamos lá.
Mãos a obra...
O tom crítico dado pela equipe de esportes do jornal e as explicações para a derrota ficou bastante claro na capa do caderno especial Pequim 2008: o descaso dos dirigentes, a falta de treinos, jogadores em péssimas condições físicas e o despreparo dos atletas foram os responsáveis, resumidas de forma bastante eficiente na palavra Desleixo, que tem o significado de descuido, dejadez, negligência, abandono.
Equipe de esportes e a designer Renata Steffen optaram por trabalhar com a fotografia da festa argentina ainda em campo e a desolação brasileira. E não perderam o bom humor ao brincar com fotografia menor em cima, do time de vôlei e o irônico título: País do Vôlei. Uma vez que nem a equipe feminina e nem a masculina ainda nos deixaram na mão.
O jogo de contrastes de fotos com os dois grupos, o forte tom crítico do título Desleixo e o título menor País do vôlei fazem desta uma das melhores capas da cobertura olímpica.
A primeira página do jornal optou pela linha oposta, mostrando em lindíssima fotografia o jogador Rafael Sobis. Caído, sozinho, pequeno, distante, triste, assim como foi a atuação da equipe brasileira. O texto acertadamente apontou para o fato: Genro de Maradona afunda do Brasil.
Bem, com as derrotas podemos aprender e até mesmo levar alguma vantagem, não é mesmo? Se existe alguma nesse caso é que na madrugada de sábado podemos estar dormindo ou fazendo qualquer outra coisa. Podemos até estar torcendo para a Nigéria, mas não necessáriamente com os olhos colados na televisão.
(Ah! O logotipo do caderno Pequim 2008 não tem espaço fixo. Se mexe na página
em função da combinação gráfica e estética, e o I Ching (ideograma chinês
que acompanha o logo) é a resposta a uma pergunta diária e diferente feita e
respondida por um especialista. Divertido e curioso...)