Na verdade, naquele momento havía mais fotogafos da Folha em Brasília e, entre eles, também o irmão do Alan, o Lula Marques.
Aquela, de fato, foi uma obra a quatro mãos e vou expicar o porque.
Alan estava na linha de frente com um potente teleobjetivo.
Na posição dele, com todos os fotografos pressionando para ganhar um lugar melhor, a percepção dos acontecimentos era totalmente precária.
Já o Lula Marques, que estava bastante atrás, ficou com uma visão geral bem melhor.
De repente, durante a passagem dos dois presidentes, Lula e Kirchner, as tvs ligaram os refletores para começar as gravações ao vivo.
Foi naquele momento que o Lula Marques intuiu o jogo de sombras criado pelas luzes das tvs e gritou para o irmão para tirar o foto.
Falei com o editor de fotografia, não com o Alan, mas é bem provável que o fotografo só viu o efeito final na foto gravada e não ha hora de apertar o click.
A foto foi cortada acima da cabeça do Kirchner e logo abaixo do rosto do Lula.
Não hove intenção de poupar o presidente do Brasil: a sombra do Lula quase não se percebe.
Pelo contrário, a do presidente da Argentina é pelo menos curiosa.
De qualquer forma o Manual de Redação da Folha de S.Paulo, nossa Bíblia em termos de comportamento jornalistico, proíbe o uso de fotomontagem ou o retoque fotografico.
Diz o texto original:
"FOTOMONTAGEM - Em geral, a Folha não publica. Quando a imagen montada for jornalisticamente relevante, pode ser publicada com a informação, na legenda, de que se trata de uma montagem.
Se possível, informe qual o recurso utilizado na produção da foto.
Também se admite a intervenção em fotos com o objetivo de proteger a identidade de personagens que não possam ser identificados e para resguardar a identidade de menor de idade em situação que possa ser considerada constrangedora".
Massimo Mario Gentile es director de Arte del diario Folha de Sao Paulo, de San Pablo, Brasil.